sábado, 16 de outubro de 2010

Homenagem aos professores (lindo texto de Paulo Freire)


REFLETINDO SOBRE O ATO DE APRENDER

Aprender não é acumular certezas
Nem estar fechado em respostas
Aprender é incorporar a dúvida
E estar aberto a múltiplos encontros
Aprender não é dar por consumada uma busca
Aprender não é ter aprendido
Aprender não é nunca um verbo do passado
Aprender não é um ato findo
Aprender é um exercício constante de renovação
Aprender é sentir-se humildemente sabedor de seus limites, mas com a coragem de não recuar diante dos desafios
Aprender é debruçar-se com curiosidade sobre a realidade
É reinventá-la com soltura dentro de si
Aprender é conceder lugar a tudo e a todos
E recriar o próprio espaço
Aprender é reconhecer em si e nos outros o direito de ser dentro de inevitáveis repetições porque aprender é caminhar com seus pés um caminho já traçado
É descobrir de repente uma pequena flor inesperada
É aprender também novos rumos onde parecia morrer a esperança
Aprender é construir e reconstruir pacientemente
Uma obra que não será definitiva porque o humano é transitório
Aprender não é conquistar nem apoderar-se mas peregrinar
Aprender é estar sempre caminhando, não é reter mas comungar.
Tem que ser um ato de amor para não ser um ato vazio.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Só é pobre quem não trabalha (ou Guerreiro Menino)


No Brasil, as coisas sempre ganham sentidos múltiplos e interpretações duvidosas. É incrível nossa capacidade de criar frases engraçadas, às vezes, fortes, mas sempre com um tom de ironia. Assim é o povo brasileiro!
Quando o assunto é trabalho, aí então surgem as paródias, letras de sambas que fazem o maior sucesso quando se reúnem os amigos; vale tudo quando é para levar a brincadeira a sério...
Outro dia eu viajava de ônibus pela Ponte Rio-Niterói e escutava a conversa de dois homens que discutiam o momento econômico do país, a partir de suas próprias experiências profissionais.
Um deles, depois de se entregar de corpo e alma durante trinta anos ao emprego numa multinacional, aceitara recentemente aderir ao pacote de vantagens oferecido para sua demissão voluntária. Dizia-se aliviado, menos estressado, pensava em abrir um negócio no ramo de alimentação. Seu companheiro de viagem, menos afortunado, entusiasmado no entanto, contava os dias para voltar à sua terra natal, o Ceará.
Severino, no alto de seus sessenta anos, dizia-se feliz por ter vivido no Rio de Janeiro durante quarenta anos, trabalhando em obras e mais obras, de sol a sol. Queria rever sua família, justamente agora que chegara à conclusão que não conseguiria ficar rico. E ria, ria muito da própria situação, como se quisesse gritar para todos ouvirem “olha, gente, não adianta correr, se matar de trabalhar, porque seremos sempre pobres...”
Fiquei pensando no significado das palavras, dos adjetivos; o que seria uma pessoa rica, o que seria uma pessoa pobre? Afinal, trabalhar muito, ou trabalhar pouco, faz alguma diferença?
A única resposta que me vem à cabeça são aqueles lindos versos cantados pelo Fagner (acho que é poesia do Gonzaguinha) na música “Guerreiro Menino”, com os seguintes versos:
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz

Viver é uma arte, seja rico, seja pobre, o importante é valorizar cada novo dia, cada nova oportunidade de vencer pelo próprio esforço, conquistando a felicidade no sorriso do nosso irmão mais próximo. Viva o povo brasileiro!

Texto de Ilcimar Abreu