sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Crise planetária e renovação espiritual (vale a reflexão)


Texto:
Célia Resende & Ronie Lima


Estamos distantes das turmas de supostos profetas e visionários que deitam a fazer previsões apocalípticas sobre o fim do mundo. Já se viu, na entrada do ano 2000, que a Terra não acabou - deixando pitonisas de plantão falando em vão aos quatro ventos. Mas há algo inquietante no ar, neste início de século 21, que merece a atenção de quem se preocupa realmente com o futuro do planeta e, por consequência, da humanidade: a grave crise ambiental global, em escala crescente, de mãos dadas com uma crise social planetária também sem precedentes. E que coincide com textos e mensagens espirituais que falam de tempos muito difíceis que a humanidade terá que enfrentar em 2012.

Não se trata de data anunciadora do final dos tempos. Tem a ver com dados previstos pelo chamado Calendário Maia, eleborado pela avançada civilização Maia. Ao legar para a história evidências de intenso contato com o mundo espiritual, os maias sinalizaram previsões para o desenvolvimento da humanidade. Dúvidas à parte, é digno de reflexão um ponto chave: o Calendário Maia termina neste início do século 21.

Mas vale aqui lembrar o significado duplo que os chineses dão para a palavra crise: perigo e oportunidade. Seguindo esse raciocínio, como vamos enfrentar a crise ambiental e social que estamos provocando no planeta? Ou nos acovardamos, achando que não podemos fazer nada diante de algo tão grandioso e fora de nosso alcance, ou compreendemos que essa crise é fruto de milhares de anos de descaso e mau entendimento do ser humano em relação à vida. E que chegou a hora de mudar!

Não é de hoje que a questão ambiental - e a forma como vivemos - recebem atenção do mundo espiritual, tendo surgido, sob a forma de psicografias e outros meios de contato, mensagens alertando a humanidade para a necessidade de uma relação mais integrada com a Terra. Alertas que coincidem com evidências científicas que mostram uma degradação ambiental inédita, principalmente devido ao efeito estufa crescente, que degela perigosamente a neve e os polos terrestres, torna os oceanos mais ácidos, acelera a elevação de seus níveis e alimenta desastres naturais.

Não acreditamos que o mundo acabará por volta de 2012, mas todos precisam entender que a crise planetária é muito grave. E que ela também pode significar a grande oportunidade para abandonarmos antigos padrões de comportamento que estão com prazo de validade vencido. Sem mudanças radicais em nosso modelo consumista, em poucos anos atingiremos um estágio social e ambiental muito crítico. E toda essa mudança exterior depende de um motor transformador básico: a reforma interna de cada um de nós. Coisa difícil mudar a forma de pensar e de agir, porque vivemos caindo em contradição entre o que pensamos e praticamos. Mas nos aproximamos perigosamente de um xeque-mate. Não há alternativa: ou mudamos ou a vida ficará insuportável.

Vamos crescer, sair da infância e perceber o mundo com olhar mais amplo, para fora do próprio umbigo, caminhando para uma maior qualificação pessoal e desenvolvendo nosso contato com o mundo espiritual. Essa luta por renovação interior irá se refletir sobre o meio ambiente e o desenvolvimento social, criando um planeta mais harmonioso e justo. Será mais fácil assim percebermos uma luz no fim do túnel.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Novo livro de Leonardo Boff



Este livro foi escrito para cristãos e não cristãos, interessados pelo essencial da mensagem cristã. Nesse livro o autor condensa uma visão do Cristianismo fruto de 50 anos de intensa atividade teológica, de pesquisas minuciosas em mais de 70 escritos e de muitos diálogos com diferentes atores religiosos e sociais. Leonardo Boff propôs-se, como uma espécie de canto de cisne, dizer em poucas palavras, o que quer o cristianismo e qual a contribuição que trouxe para a história da humanidade. Encontramos nesta leitura todas as contradições da condição humana, mas também se encontra uma proposta de sentido das mais generosas do ser humano e do universo.
É uma publicação da Editora Vozes.

domingo, 18 de dezembro de 2011

LeYa Brasil lança 'Dicionário de Luís de Camões'


Obra de referência, traz mais de 200 verbetes dedicados ao vocabulário presente na obra de Luís Vaz de Camões (1524 - 1580), autor de Os Lusíadas, relacionando-o à pintura, às artes plásticas e à música.
O livro também aborda os mais importantes estudiosos que se debruçaram sobre sua obra. A coordenação é do português Vítor Aguiar e Silva, escritor e professor da Academia de Ciência de Lisboa.

SERVIÇO
Dicionário de Luís de Camões
LeYa
1004 páginas
R$ 129,90

domingo, 27 de novembro de 2011

'Viola no saco' : fábula recontada por Tatiana Belinky


ILUSTRAÇÃO: Rogério Borges
Inicialmente, parabenizar o belíssimo trabalho apresentado pela 'NOVA ESCOLA'. Outras histórias podem ser acessadas no endereço a seguir:
http://revistaescola.abril.com.br/leitura-literaria/era-uma-vez-fabulas.shtml

Vocês sabem por que quando alguém perde uma discussão, ou coisa assim, e tem de se calar, se diz que "fulano meteu a viola no saco"? Pois eu vou contar.

Há muito tempo, quando os bichos falavam e muitas coisas eram diferentes, havia muita festança no mundo. Um dia houve uma festa no céu e todos os bichos foram convidados. Entre eles, um dos mais esperados era o Urubu, porque as danças dependiam das músicas que ele tocava na viola.

No dia da festa, o Urubu enfiou sua viola no saco e, antes de iniciar a viagem, foi beber água na lagoa. Lá encontrou o Sapo Cururu, que se secava ao sol. Enquanto o Urubu bebia, o espertalhão do Cururu, que também queria ir à festa, se escondeu dentro da viola para viajar de carona.

Quando o Urubu chegou ao céu, foi muito bem recebido, pois todos esperavam por ele para começar a dançar o cateretê e a quadrilha. Mas antes o chamaram para beber umas e outras.

O Urubu foi, deixando a viola encostada num canto. O Cururu aproveitou para pular da viola sem ser visto e foi se empanturrar com os quitutes da festa. O Urubu também comeu e bebeu até não poder mais e não viu que o Cururu, aproveitando uma distração sua, se escondera de novo dentro da viola para tornar a tirar uma carona na volta para a terra.

Quando chegou a hora de voltar, o Urubu guardou a viola no saco e saiu voando de volta para casa. Durante o vôo, estranhou que a viola estivesse tão pesada. "Na vinda foi fácil, mas na volta está difícil. Será que fiquei fraco de tanto comer e beber?", pensou ele. Por via das dúvidas, examinou o saco com a viola e acabou descobrindo o malandro do Sapo Cururu agachado lá dentro. Furioso por ser usado desse jeito, o Urubu começou a sacudir o saco com a viola, para despejar o Cururu lá do alto e se ver livre dele.

O Cururu, com medo de se esborrachar no chão pedregoso lá em baixo, recorreu à sua proverbial esperteza e começou a gritar: "Urubu, Urubu, me jogue sobre uma pedra, não me jogue na água, que eu morro afogado!".

O Urubu, tolo, querendo se vingar do Sapo, viu lá de cima uma lagoa e tratou logo de despejar o Sapo dentro d’água, que era pra ele se afogar. O espertalhão do Cururu, que só queria era isso mesmo, saiu nadando, feliz da vida. O bobão do Urubu só não ficou "a ver navios" porque não havia navios naquela lagoa. E é por isso que, quando alguém perde a partida e tem de sair quieto e calado, dizem que "fulano teve de meter a viola no saco"...

Fábula recontada por Tatiana Belinky
Ilustrada por Rogério Borges

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Autoestima liberta, Literatura salva!


Um jeito lúdico de ensinar literatura está mudando para melhor a vida de muitos estudantes de escolas públicas na zona leste da cidade de São Paulo. O Academia Estudantil de Letras (AEL) é uma estratégia pedagógica que tem dado tão certo que começa a ser levado agora para cidades vizinhas e já atravessou a fronteira do estado.
Inspirada na Academia Brasileira de Letras, a AEL foi criada, em 2005, na Escola Municipal Padre Antônio Vieira, no Jardim Nordeste, na região de Artur Alvim, bairro da zona leste da capital paulista, onde 18 escolas da rede municipal de ensino fundamental já contam com a metodologia. Nessas instituições 85 estudantes fazem parte de 61 cadeiras literárias.
Uma unidade da academia já foi implantada, inclusive, no Rio Grande do Norte, disse a idealizadora do projeto Maria Sueli Fonseca Gonçalves, atual assistente técnico de educação da Diretoria Regional de Educação, órgão da prefeitura de São Paulo.
Ela explicou que a ideia é despertar no aluno o interesse pela escola trabalhando a sua autoestima. “O que nós buscamos é um conceito de inclusão, de trabalhar a autoestima, mostrar o potencial de cada um. Já pudemos ver casos de alunos que toda a semana tínhamos de chamar os responsáveis por causa de seus atos de indisciplinas mudarem o seu comportamento”, disse. “Tentei criar uma maneira lúdica de incentivar crianças e jovens o amor pela leitura. Na medida em que eles leem os livros, imitam personagens, refletem sobre as ações destes personagens e, com isto, estão pensando na própria vida”, explicou.
Nas unidades, os alunos também são estimulados a conhecer a vida e a obra de autores que vão dos clássicos de séculos passados aos contemporâneos. As aulas ocorrem uma vez por semana e a maioria tem idade entre 6 anos e 14 anos de idade, mas são admitidos também estudantes mais velhos do curso Educação de Jovens e Adultos.
A reportagem da Agência Brasil acompanhou uma das aulas conduzida pela professora Ana Carolina D’ Almeida e Silva, da Escola Municipal Padre Antônio Vieira, no dia em que o escritor apresentado aos alunos foi o poeta Manoel de Barros, que completou 95 anos de idade ontem (19). “Vejam como ele busca inspiração dos elementos do dia a dia”, explicou a professora para os alunos ao analisar uma das poesias do poeta que vive em Mato Grosso.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vamos realfabetizar nossas crianças?


No primeiro semestre deste ano, a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), realizada pela primeira vez nas capitais de todo o país por crianças que concluíram o 3º ano do ensino fundamental, apontou que 43,9% não aprenderam o que era esperado em Leitura para esse nível de ensino.
Em relação à Escrita, 46,6% não atingiram o esperado.

Parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a prova foi aplicada em escolas públicas e privadas, e mostrou que mesmo nas particulares nem todos os alunos atingem 100% de aproveitamento.

No caso da Leitura, 48,6% dos estudantes da rede pública tiveram o desempenho esperado. Nas particulares, o percentual foi de 79%.

Em relação à Escrita, 43,9% dos alunos matriculados na rede pública aprenderam o esperado, e 86,2% na rede privada.

- Nenhuma criança pode concluir esse período, chamado de ciclo de alfabetização, sem estar plenamente alfabetizada. O que a prova mostra é que estamos ampliando a desigualdade educacional, já que muitos alunos não têm as ferramentas básicas para os anos seguintes - diz Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, ressaltando que mesmo as escolas particulares enfrentam problemas: - São instituições que ensinam para alunos com mais acesso à cultura e pais escolarizados, por exemplo, mas ainda assim não têm 100% de alfabetização ao término do 3º ano.

- O governo precisa entender que temos um problema. O Brasil não tem método, não tem objetividade na hora de alfabetizar. Sem método, a criança brilhante aprende e as outras não. Desse jeito também, muitas acabam aprendendo por teimosia, porque foram ficando na escola, não porque aprenderam na época correta - diz João Batista de Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beta, que não vê com bons olhos a recomendação do Conselho Nacional de Educação (CNE) de que as crianças não devem ser reprovadas nos três primeiros anos do fundamental, porque cada uma tem um ritmo de aprendizagem:

- É irresponsável dizer que cada criança aprende no seu ritmo. Isso é um atraso. A criança que não é alfabetizada aos 6 anos fica com dificuldade para aprender outras disciplinas. No segundo ano, o professor não é preparado para ensinar o que ela não aprendeu e os livros já exigem que ela saiba ler.

Mãe de um menino de 9 anos, que cursa o 4º ano do fundamental numa escola municipal da periferia de São Paulo, Vanessa Alves da Silva percebeu, durante uma ida ao mercado, que o filho Marcus Ricardo não sabia ler.

- Ele não conseguiu ver o preço dos produtos nem ler o que estava escrito nas embalagens. Eu tento incentivar, dou recortes de jornal para ele ler, mas ele gagueja e não consegue de jeito nenhum. Além disso, ele tem dificuldade para ler as coisas na cartilha. Na aula, é só cópia o tempo todo. O meu mais velho, de 10 anos, também tem problemas para ler - conta Vanessa, que acredita que a defasagem se acentua com o passar dos anos. - Agora, ele vai para o 5º ano sem saber ler.

No 6º ano do ensino fundamental, a neta do vigilante Hamilton de Souza tem dificuldades para ler e escrever. Responsável pela menina de 11 anos, Souza se preocupa:

- Como ela vai arrumar emprego? Como vai fazer para preencher uma ficha de contratação se não consegue escrever?

Tia de um menino de 9 anos, que cursa em São Paulo o 3º ano do fundamental, Jaqueline Alves Costa atribui as dificuldades dele ao excesso de alunos em sala:

- São 28 alunos. A professora não consegue explicar e só manda eles fazerem cópia. Eu acho que ele precisa de aula de reforço e que as classes deviam ter um segundo professor.

Secretária de Educação do município do Rio e conselheira do Todos pela Educação, Claudia Costin reconhece que a prova ABC retrata um problema grave.

- A pesquisa não surpreende em termos de Brasil. O país precisa investir muito forte na alfabetização. A escola é o espaço de oportunidades futuras, e a prova mostra que o índice é frágil mesmo nas particulares. Nas públicas, o resultado é pior, e se a gente já começa perdendo, o apartheid educacional cresce - diz Claudia, que ao assumir a secretaria se deparou com 28 mil analfabetos funcionais no 4º, 5º e 6º anos do fundamental. - Isso representava o seguinte: 14% das crianças desses anos sem ler e escrever. Começamos, então, a realfabetizar os alunos, e tivemos sucesso com 21 mil. No entanto, percebemos que a progressão automática sem reforço escolar e sem acompanhamento faz com que a criança se torne invisível. E aí o insucesso também fica invisível. É preciso definir um currículo claro, oferecer aulas de reforço, formar professores e fazer com que entendam que é fundamental alfabetizar no primeiro ano. Ainda assim, este ano, temos 10.500 alunos em processo de alfabetização nessas séries.

Em São Paulo, a Secretaria municipal de Educação também implantou turmas de reforço no 3º e no 4º ano para atender alunos com dificuldades para ler e escrever. Foram criadas salas de apoio pedagógico para esses estudantes. A prefeitura diz ainda que as notas da Prova São Paulo mostraram, em 2010, um aumento de 25,7% no número de alunos alfabetizados no 2º ano.

Coordenadora pedagógica do Fundamental II, da Escola Edem, no Rio, Rosemary Reis destaca a importância da educação infantil para o sucesso da alfabetização:

- As crianças têm uma leitura do mundo antes da palavra. Por isso, é importante levar a para a sala de aula a possibilidade da criança conviver com textos. Na Edem, com um ano os alunos já manipulam livros, depois começam a conversar sobre o que viram, passam a ter contato com a escrita e com quatro, cinco anos escrevem o nome.

Priscila Cruz também aposta na educação infantil para que o país melhore os índices de alfabetização.

- É a melhor política para combater o analfabetismo. Pesquisas mostram que crianças que frequentam a educação infantil chegam ao 1º ano com um repertório melhor. Se elas não têm acesso à cultura em casa, se os pais não são escolarizados, a educação infantil as prepara, dá equidade.

FONTE: O Globo (Carolina Benevides e Sérgio Roxo)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Retrato de uma cidade (por Drummond)


"Tem nome de rio esta cidade onde brincam os rios de esconder. Cidade feita de montanha em casamento indissolúvel com o mar. Aqui amanhece como em qualquer parte do mundo mas vibra o sentimento de que as coisas se amaram durante a noite."

DIA D DRUMMOND

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

dia D de Drummond - programação

Se você ama Drummond como eu, corra e veja o site.
Espalhe a novidade por aí.

http://diadrummond.ims.uol.com.br/#oquee

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Em defesa do deficiente auditivo


O Ministério Público Federal em Paranaguá ajuizou ação civil pública, com pedido liminar, contra a Universidade Federal do Paraná para que a instituição contrate profissionais capacitados para acompanhamento dos estudantes surdos. De acordo com o MPF, a UFPR deve providenciar imediatamente acompanhamento integral dos estudantes com deficiência auditiva durante todo o curso superior.

A ação teve origem na instauração de procedimento administrativo pelo MPF em 2008. O procedimento foi instaurado para verificar se as instituições educacionais de nível superior, assim como as instituições federais de nível médio nos municípios do litoral paranaense estavam cumprindo a legislação referente ao tratamento que deve ser dispensado pelo Estado às pessoas com deficiência auditiva que estudam nestes estabelecimentos.

Em março de 2009, a UFPR – Campus Matinhos, em resposta à notificação do MPF, informou que contava com duas professoras na área de conhecimento de educação inclusiva e com um intérprete de libras, profissionais contratadas por meio de concurso público, e que havia solicitado à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas a abertura de concurso para a carreira do magistério superior, na área de conhecimento de Libras, que deveria acontecer entre 2009 e 2010.

Com as informações prestadas pelos representantes da UFPR, o procedimento administrativo foi encerrado. Entretanto, foi instaurado outro procedimento em 2011, motivado pela reclamação da mãe de uma estudante com deficiência auditiva da universidade. A estudante teve auxílio de intérprete de Libras para acompanhamento das aulas somente nos dois primeiros meses após o ingresso no curso superior ano passado. Após este curto período, a universidade parou de contar com um intérprete em período integral. Dessa forma, verificou-se a possibilidade de descumprimento do compromisso assumido no procedimento anterior. Constatada a situação relatada pela mãe da estudante, o MPF decidiu propor ação contra a UFPR – Setor Litoral.

Na ação, o MPF, entre outras demandas, pede também que os concursos vestibulares da UFPR contem com pessoal qualificado para realizar a correção das provas dos portadores de qualquer tipo de deficiência.

sábado, 15 de outubro de 2011

Avante, professor!


O dia 15 de outubro ainda é lembrado país afora. Hoje, reverenciamos todos que lutam pela educação e formação de nossas crianças e jovens. No entanto, cabe a pergunta: há o que comemorar?
Quando as pesquisas dizem que 74% da população brasileira não consegue entender um texto simples, o que podemos vislumbrar no horizonte das lutas diárias de nossos educadores?
Avante, professor! Que possamos entender as palavras do filósofo Leonardo Boff:

"Uma educação de qualidade não vive apenas de generosidade e criatividade de seus operadores. Ela precisa de uma infraestrutura adequada que desonera os educadores de demasiadas preocupações com a sobrevivência e lhes forneça os instrumentos para realizar a obra educativa. Educar, já se disse, não é encher uma vasilha vazia, mas acender uma luz nas mentes dos educandos. Honrar essa missão implica que se mantenha um nível digno de salários e que haja investimentos fortes nos processos educativos. Sem a educação nenhum povo deu o salto de qualidade rumo a sua autonomia e ao pleno desenvolvimento."

A ausência do 'trema'



"Arguindo alternativas, muitos especialistas advogam que a doação de órgãos de mortos deve se tornar obrigatória..."

A ausência do trema na forma verbal 'arguindo' atende à reforma ortográfica: ele desaparece da língua portuguesa (aguentar / linguiça / cinquenta), com exceção de palavras estrangeiras (Süssekind) e suas derivadas. A pronúncia das palavras que recebiam o trema, no entanto, não muda, ou seja, continuamos a pronunciar a letra U.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Jorge Amado, 100 anos - homenagens em 2012


Em agosto de 2012 Jorge Amado completaria 100 anos. E para comemorar o centenário deste importante escritor brasileiro, uma série de festividades percorrerá o país.
No Rio de Janeiro, 'Dona Flor e seus dois maridos' volta aos palcos no Teatro João Caetano. Em Salvador, Jorge Amado será tema do Carnaval 2012.
No campo das artes, o 'Museu da Língua Portuguesa' inaugurará em março do próximo ano a exposição 'Jorge Amado é universal', que seguirá para o Museu de Arte Moderna da Bahia em agosto.
E dando início a tantas comemorações, em 7 de outubro estreia em todo o país o filme 'Capitães da Areia' dirigido pela cineasta Cecília Amado, neta do escritor.
Já em dezembro de 2011 chega às livrarias a caixa comemorativa 'As mulheres de Jorge Amado', edição da Companhia das Letras. E, ao longo de 2012, serão lançadas edições especiais ilustradas de 'Navegação de cabotagem' e 'Os velhos marinheiros'. No mês do centenário, agosto de 2012, será publicado o inédito 'Jorge & Zélia', livro de cartas que o casa trocou enquanto Jorge estava no exílio.

'Cartas perto do coração': amizade de Sabino e Lispector


A longa e profunda amizade entre dois dos mais importantes escritores brasileiros reflete-se nas cartas trocadas por eles entre 1946 e 1969. Permeada pelo espanto e fascínio dos autores ante o futuro, Cartas perto do coração traz a correspondência entre Fernando Sabino e Clarice Lispector e permite, a reboque, descobrir o mundo interno desses dois escritores quando jovens.

Na última fase da vida de Clarice Lispector surgiram-lhe outras relações de amizade, mas o relacionamento entre ela e Fernando Sabino foi o primeiro e um dos mais intensos desde o início de sua carreira literária. Em janeiro de 1944, Sabino mal havia completado vinte anos e recebia, em Belo Horizonte, onde morava, o exemplar de um romance chamado Perto do coração selvagem, com uma dedicatória da autora, Clarice Lispector, ainda desconhecida do grande público. "Fiquei deslumbrado pelo livro," confessa Sabino.

Depois de apresentados um ao outro por Rubem Braga, os dois começaram uma amizade marcada pelo convívio diário e conversas em confeitarias da cidade. Uma ligação retratada em Cartas perto do coração. A amizade continuou, através dessas cartas, com uma frequência só interrompida quando se encontravam os dois no Rio de Janeiro. "Trocávamos ideias sobre tudo," conta Sabino. "Submetíamos nossos trabalhos um ao outro. Reformulávamos nossos valores e descobríamos o mundo, ébrios de mocidade. Era mais do que a paixão pela literatura, ou de um pelo outro, não formulada, que unia dois jovens 'perto do coração selvagem da vida': o que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante o enigma que o futuro reservava para o nosso destino de escritores."

Livro 'Cartas perto do coração', de Fernando Sabino e Clarice Lispector
208 páginas - R$ 29,90

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lançamento da 'Penguin Companhia das Letras'


ESSENCIAL PADRE ANTÔNIO VIEIRA

O enfático juízo de Fernando Pessoa sobre Antônio Vieira contido num verso de Mensagem conserva sua plena validade neste início de século XXI. O perfeito domínio das sutilezas da retórica seiscentista, a impressionante erudição bíblica e literária e a inigualada capacidade de instruir, comover e deleitar simultaneamente continuam a fazer da prosa do “imperador da língua portuguesa” um clássico absoluto nas duas margens do Atlântico, mais de três séculos após sua primeira publicação.
Embora o mundo monárquico, escravista e radicalmente dogmático de Vieira já tenha há muito desaparecido, sua extensa obra continua a iluminar a história e a literatura da lusofonia. Jesuíta, político e pregador, confessor de reis e profeta do Quinto Império, autor de centenas de sermões e de uma riquíssima correspondência, Vieira foi um homem de múltiplos interesses, unificados por sua fé inquebrantável e pela crença nos altos destinos de Portugal. Essencial Padre Antônio Vieira é uma generosa amostra de sua eloquente produção literária, incluindo alguns de seus melhores sermões, cartas e textos proféticos, além de uma esclarecedora introdução de Alfredo Bosi, membro da Academia Brasileira de Letras, e do texto inédito em português A chave dos profetas.

Penguin Companhia das Letras - Lançamento em 03/10
760 páginas – R$ 35,00

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Onde foi parar o 'chapeuzinho'?


Com a reforma ortográfica, desaparece o acento circunflexo em “voos”. A antiga regra dos hiatos determinava que palavras terminadas em oo(s) e formas verbais terminadas em eem recebessem o acento.

Como a regra caiu, a grafia correta fica sendo:

voo / voos / enjoo / enjoos / creem / deem / leem / veem / releem / proveem / abençoo / perdoo

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Dicionário Aulete Digital na tela do seu computador



É muito prático fazer o download do Dicionário Aulete Digital.

Experimente, visite o site:
http://www.auletedigital.com.br/

domingo, 4 de setembro de 2011

As línguas estrangeiras (Texto de Francisco Bosco)



Lacan afirmava não haver um objeto com o qual se possa manter uma relação permanente de prazer. Mas, ressalva Barthes, "para o escritor esse objeto existe: é a língua materna". Nenhuma outra frase ilumina melhor a relação de amor e ódio (mais esse que aquele) que tenho com as línguas estrangeiras. Estar fora do português brasileiro é para mim como perder essa relação, de completude, da criança com a mãe. Então a língua se torna propriamente um objeto, apartado de mim, a que tento, sem jamais ter conseguido, integrar-me. "Estar fora do português brasileiro", disse acima; com efeito, neste caso a diferença, existente na nossa língua, entre ser e estar é crucial - pois só aqui, nessa língua, eu sou; nas outras eu apenas estou.
Estudo inglês desde criança, já passei uma temporada nos EUA, estou sempre em contato com a língua inglesa, lendo livros, vendo filmes, eventualmente falando com estrangeiros. É a língua estrangeira que conheço melhor; e ainda assim há uma diferença decisiva entre minha experiência com ela e a que tenho no nosso português. Como escritor, sou a nossa língua. Não há qualquer outro atributo, em mim, além da intimidade que tenho com o português, pelo qual eu me reconheça tanto. Logo, quando em língua estrangeira, deixo de ser eu, mas essa experiência de despersonalização, tão alegre em outros registros da existência, experimento-a aí como uma tristeza: pois torno-me então uma versão pálida, impotente, de mim mesmo. Não sou mais eu, mas também não chego a ser ninguém (como aqui, escrevendo, onde ser eu é a chance, por intimidade profunda com a língua, de tornar-me ninguém).
O escritor é aquele que sabe o peso de cada palavra, é quem fez de si um instrumento de alta precisão, um semantômetro, capaz de submeter cada palavra, em frações infinitesimais de um segundo, a cálculos complexos que levam em conta as suas significações possíveis, o contexto (por sua vez formado por outras palavras, submetidas ao mesmo cálculo, ao mesmo tempo), que determinará sua significação, a história de seu uso, a sua incidência atual na língua falada e escrita, entre muitas outras variáveis. É esse instrumento que, ao contato com a língua estrangeira, desafina. A língua sai do registro da alta definição para o da imagem desfocada. Quem tinha uma visão 20/2 (visão do falcão) passa a sofrer de miopia semântica. Para o escritor que sou, portanto, estar em língua estrangeira é como, para um craque de futebol, jogar com uma bola oval; para um passista, sambar na areia.
Sabe-se, entretanto, que há escritores apaixonados por línguas estrangeiras. Há a curiosa espécie dos tradutores, e ainda a exótica espécie dos trocalínguas, aqueles que passaram a escrever em outro idioma. Considero os primeiros mais radicais. Uma língua é como uma cidade: para conhecê-la além de sua epiderme, é preciso habitá-la. Assim como somos turistas num país estrangeiro que visitamos brevemente, somos turistas numa língua de um país que não habitamos, e podemos ser eternos turistas (como eu sou nas poucas línguas que falo). Mas os tradutores (os que nunca moraram no país da língua a traduzir) são essa espécie paradoxal de moradores a distância. Conhecem a língua estrangeira como se percorressem, minuciosamente, um google street view, explorando cada viela, cada beco, cada acidente do relevo. (Espanto: mas como saberão o que se diz na rua, e só nela se ouve?)
Os escritores trocalínguas - Beckett, Nabokov - são mais compreensíveis. É que eles mudaram de país, e a vivência na língua nova, o dia a dia (a supressão dos hífens deprimiu essa expressão) de sua prática, permitiu-lhes, pouco a pouco, afinar seu instrumento de pesar as palavras, e assim puderam escrever.
Quanto a mim, tenho prazer quando percebo minha evolução no conhecimento de uma língua estrangeira. Mas sempre esbarro com meus limites. Posso ler quase tudo em inglês ou francês. Textos teóricos são os mais fáceis, pois o vocabulário é mais restrito e muitas de suas palavras têm a mesma origem grega que seus correpondentes em português, logo a morfologia é próxima e reconhecível. Romances, posso lê-los muito bem quando são do século XIX (há exceções, como o difícil Flaubert); mas a ficção do alto modernismo é árdua (Joyce, Woolf, Faulkner). Mas romances já são, por si só, mais difíceis que teoria. Uma tradutora de Heidegger conta que, quando foi a Berlim pela primeira vez, deu-se conta de que não sabia pedir um pão. Num romance, como na vida, não existe o pão (o pão platônico): existe o pão francês, o pão careca, o árabe, etc. Já a poesia, essa é desanimadora. A poesia é uma língua estrangeira dentro da língua. É a periferia da língua. É preciso morar na língua, mesmo que a distância, para ler sua poesia.
Tenho muito prazer ao ler em voz alta textos em outros idiomas (o que não costumo fazer em português). Torno-me então estrangeiro pela boca, deixo um povo inteiro invadir e se apossar da minha cavidade bucal. Quando, contudo, tenho que falar a língua estrangeira, perco muito desse prazer, pois estou tão concentrado em me expressar adequadamente (em vão) que não consigo me deleitar com os fonemas estranhos.
Guardei o pior para o fim. A diferença fundamental entre ler textos em português e em outros idiomas é que, naquele, sempre sei por que não sei, enquanto que, nesses, nunca sei por que não sei. Só numa língua estrangeira pode-se ser ignorante ao quadrado.

FRANCISCO BOSCO é doutor em teoria literária pela UFRJ e colunista do jornal O Globo. Este texto foi publicado originalmente no Jornal O Globo (ago´2011). Que escritor maravilhoso!

sábado, 20 de agosto de 2011

José de Alencar e o projeto de uma literatura nacional


Você sabe em que momento histórico nasceu a literatura genuinamente brasileira? Foi quando o Brasil tinha acabado de ficar independente de Portugal e percebeu que precisava criar uma literatura própria. Um dos grandes responsáveis por esse acervo foi o romancista José de Alencar.
A professora Flávia Suassuna (foto) explica que um dos objetivos era evitar o estilo lusitano, traçando um perfil da cultura e dos costumes brasileiros na época. “Nossa literatura nasceu com o romance. José de Alencar tinha a meta de criar uma literatura nacional. É exatamente no berço do romance indianista que ele começa a fazer esse projeto”, diz.
Por esta razão, os índios foram os grandes personagens das histórias, que retratam o legado dos primeiros povos que habitaram o Brasil. Segundo a professora, os romances buscavam temas ligados à identidade nacional. “Na Europa, por exemplo, existia o resgate do ambiente medieval. A gente fez a mesma coisa aqui: buscamos num passado mitológico as raízes da nossa nacionalidade”, afirma.
A professora lembra que a obra “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, retoma de uma forma crítica essa proposta indianista. Já o escritor Mário de Andrade, mais tarde, no período Moderno, revive e recria a questão indígena em “Macunaíma”.

FONTE: pe360graus

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Livro: A importância de ser prudente e outras peças


Muito da fama de Oscar Wilde se deve ao romance O retrato de Dorian Gray, mas foi como dramaturgo que ele alcançou o maior sucesso em vida, com as comédias de costumes Uma mulher sem importância, Um marido ideal e A importância de ser prudente, reunidas neste volume, agora lançado pela Penguin-Companhia.
Nas peças que em larga medida satirizam a alta sociedade vitoriana que jamais o aceitou de bom grado, Wilde aponta de maneira irônica para si mesmo. Há algo do autor nas observações cínicas de lorde Illingworth em Uma mulher sem importância, assim como no estilo de vida despreocupado de lorde Goring, o bon vivant que é a fonte de sensatez de Um marido ideal, e também no inconsequente dândi Algernon de A importância de ser prudente.
Com introdução e notas de Richard Allen Cave, diretor e estudioso do teatro britânico, a edição da Penguin-Companhia situa o leitor sobre o contexto em que as peças foram encenadas e as inovações que Wilde, um intelectual de grande apuro técnico, trouxe para a dramaturgia moderna.

424 pág.
R$ 28,50

terça-feira, 12 de julho de 2011

Nelson Rodrigues: livro reúne 50 críticas sobre o dramaturgo


Incompreendido e mal-interpretado por muitos, ele nunca quis ser uma unanimidade – e nunca foi, em vida. Esse foi o perfil de Nelson Rodrigues, jornalista e escritor considerado o maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos apenas anos após sua morte.
Tendo essa incompreensão em vista, a revista de ensaios Folhetim, do grupo carioca Teatro do Pequeno Gesto, reuniu um dossiê de críticas dirigidas a Nelson. São 98 artigos escritos entre 1942 e 2009, fruto de pesquisa em 15 periódicos nacionais.
Em formato de livro, a publicação celebra os 20 anos da companhia de teatro, cujas comemorações preveem também uma versão de Antígona, de Sófocles, e a montagem de Teatro dos Ouvidos, Valère Novarina.
A obra tem 432 páginas e reúne material digno de colecionador, como uma crítica sem assinatura, publicada no Diário de Notícias em 1942, sobre “A Mulher sem Pecado”, texto de estréia de Nelson, em que o autor da crítica afirma que “o sr. Nelson não faz teatro”.
Nelson Rodrigues e sua obra também são motivo de divisão entre os jornalistas. Em um artigo sobre “Boca de Ouro” no jornal Última Hora, em 1961, o escritor e jornalista Paulo Francis assume já ter escrito “muita besteira” a respeito das obras rodrigueanas. O próprio diretor do Teatro do Pequeno Gesto, Antonio Guedes diz que “Nelson não é consenso total. Até hoje tem gente que não entende suas peças”.
Folhetim será lançado dia 20/07 pela editora Pão e Rosas, mas já pode ser adquirido por meio do endereço: folhetim@pequenogesto.com.br - Preço R$ 35.

FONTE: Portal Comunique-se

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Toda Palavra

“O silêncio não quer ser sozinho, então ele fala
Quem escreve ouve porque cala
Quem escreve escrava
O que o silêncio
Palavra”

Poema de Viviane Mosé

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Doente de Literatura


O jornalista e editor Paulo Roberto Pires leva a vida entre livros. Lê muito e desorganizadamente. Acumula volumes sem saber por quê.
Escrutina vida e obra dos autores favoritos. Coleciona caderninhos de notas, quase sempre em branco. Quando os usa, anota errática e compulsivamente, registra trechos e citações, rascunha ideias, projeta livros que não passam de esboços.
Antes de enlouquecer, transformou a obsessão num romance. "Se Um de Nós Dois Morrer", publicado pela Alfaguara, é o prontuário de um doente de literatura.
Alter ego de Pires, o protagonista, Théo, morre no começo do livro e orienta postumamente a ex-mulher, Sofia, a se vingar do maior responsável por sua moléstia: Enrique Vila-Matas.
Foi o escritor espanhol quem lhe transmitiu duas enfermidades, o "mal de Montano" (ausência de limite entre o escrito e o vivido) e a "síndrome de Bartleby" (que acomete os que estão impregnados de literatura mas não escrevem, ou renunciam de repente à escrita).
A soma das duas é a "síndrome de Vila-Matas", da qual sofre Pires (ou Théo).
Sofia tem de fazer chegar ao espanhol uma pasta com os escritos de Théo, pois só um "colecionador de esquisitices literárias" como ele poderia ver sentido naquilo.
Na pasta estão cartas não enviadas sobre a internação de Théo numa clínica de reabilitação em que os pacientes são confinados para "não fabular ou cair na tentação de narrar" (escrever é proibido).
Os papéis trazem ainda rudimentos de contos, diários e curiosidades sobre outros escritores doentes.
Seria então a intenção de escrever parte da escrita, e o esboço de livros, literatura?
"Interessa tanto o que a pessoa não escreveu quanto o que escreveu", diz Pires à Folha. "As margens do escritor são muito importantes. O rascunho, o não feito, o fracasso são dados valiosos."
Nascido em 1967 no Rio, Paulo Roberto Pires é editor da revista de ensaios "Serrote" (do Instituto Moreira Salles) e professor de Comunicação da UFRJ. Trabalha com literatura desde 1985, quando, aos 18, começou a fazer resenhas para o "Jornal do Brasil". Foi editor na Planeta e no grupo Ediouro.
Publicou o primeiro romance em 2000 ("Do Amor Ausente", Rocco). Diz que, nos 11 anos até este segundo, teve certeza de que não conseguiria. "Você vai batendo na parede. Talvez seja porque sempre trabalhei com isso, [fui] ficando intoxicado."
O mesmo ocorre com Théo no romance. Pires admite que no personagem há "uns 80%" de si próprio.
Tal qual o autor, Théo é tarado por Walter Benjamin (1892-1940), de quem possuiu uma coleção admirável (uma "benjaminiana").
Ambos viajam muito a Paris, onde, aliás, passa-se o divertidíssimo começo do romance. Seguindo as orientações póstumas de Théo, Sofia espalha as cinzas dele por entre túmulos ilustres do cemitério de Montparnasse.
Dali em diante, Pires não perde a mão. Com tino e estilo de escritor de verdade, ordena os cacos de literatura espalhados pelas páginas e cria um romance satírico que só no delírio do autor estaria fadado ao fracasso.

SERVIÇO:
SE UM DE NÓS DOIS MORRER
AUTOR Paulo Roberto Pires
EDITORA Alfaguara
R$ 36,90 (124 págs.)

FONTE: Site da Folha Uol
Jornalista Fabio Victor – São Paulo

quarta-feira, 1 de junho de 2011

João do Rio e a poesia de "A alma encantadora das ruas"


"A alma encantadora das ruas"

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.

Este pequeno trecho permite degustar um pouco da riqueza narrativa do jornalista e cronista Paulo Barreto, mais conhecido como João do Rio - pseudônimo que nasceu em 1903.
Em crônica de 21/8/2006, Desconstruindo o Rio, Joaquim Ferreira dos Santos destaca sua importância:
(...) João do Rio circulava pelas esquinas, batia perna como quem não quer nada e como devia ser direito de todos. Depois, quando ainda mal existia o jornalismo, (...) eis que João deixava a calçada e subia para a redação. Misturava aquilo tudo que tinha visto numa coisa meio crônica, meio reportagem, combinava ficção com entrevista e instaurava a imprensa moderna nesse fim de mundo".
Vale a pena conhecer a obra de um dos mais talentosos intelectuais do Rio de Janeiro do início do Século XX.

sábado, 7 de maio de 2011

Fazer o que se gosta


FAZER O QUE SE GOSTA
Stephen Kanitz

A escolha de uma profissão é o primeiro calvário de todo adolescente. Muitos tios, pais e orientadores vocacionais acabam recomendando "fazer o que se gosta", um conselho confuso e equivocado.
Empresas pagam a profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia.
Seria um mundo perfeito se as coisas que queremos fazer coincidissem exatamente com o que a sociedade acha importante ser feito. Mas, aí, quem tiraria o lixo, algo necessário, mas que ninguém quer fazer?
Muitos jovens sonham trabalhar no terceiro setor porque é o que gostariam de fazer. Toda semana recebo jovens que querem trabalhar em minha consultoria num projeto social. "Quero ajudar os outros, não quero participar desse capitalismo selvagem." Nesses casos, peço que deixem comigo os sapatos e as meias e voltem para conversar em uma semana.
É uma arrogância intelectual que se ensina nas universidades brasileiras e um insulto aos sapateiros e aos trabalhadores dizer que eles não ajudam os outros. A maioria das pessoas que ajudam os outros o faz de graça.
As coisas que realmente gosto de fazer, como jogar tênis, velejar e organizar o Prêmio Bem Eficiente, eu faço de graça. O "ócio criativo", o sonho brasileiro de receber um salário para "fazer o que se gosta", somente é alcançado por alguns professores felizardos de filosofia que podem ler o que gostam em tempo integral.
O que seria de nós se ninguém produzisse sapatos e meias, só porque alguns membros da sociedade só querem "fazer o que gostam"? Pediatras e obstetras atendem às 2 da manhã. Médicos e enfermeiras atendem aos sábados e domingos não porque gostam, mas porque isso tem de ser feito.
Empresas, hospitais, entidades beneficentes estão aí para fazer o que é preciso ser feito, aos sábados, domingos e feriados. Eu respeito muito mais os altruístas que fazem aquilo que tem de ser feito do que os egoístas que só querem "fazer o que gostam".
Então teremos de trabalhar em algo que odiamos, condenados a uma vida profissional chata e opressiva? Existe um final feliz. A saída para esse dilema é aprender a gostar do que você faz. E isso é mais fácil do que se pensa. Basta fazer seu trabalho com esmero, bem feito. Curta o prazer da excelência, o prazer estético da qualidade e da perfeição.
Aliás, isso não é um conselho simplesmente profissional, é um conselho de vida. Se algo vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito. Viva com esse objetivo. Você poderá não ficar rico, mas será feliz. Provavelmente, nada lhe faltará, porque se paga melhor àqueles que fazem o trabalho bem feito do que àqueles que fazem o mínimo necessário.
Se quiser procurar algo, descubra suas habilidades naturais, que permitirão que realize seu trabalho com distinção e o colocarão à frente dos demais. Muitos profissionais odeiam o que fazem porque não se prepararam adequadamente, não estudaram o suficiente, não sabem fazer aquilo que gostam, e aí odeiam o que fazem mal feito.
Sempre fui um perfeccionista. Fiz muitas coisas chatas na vida, mas sempre fiz questão de fazê-las bem feitas. Sou até criticado por isso, porque demoro demais, vivo brigando com quem é incompetente, reescrevo estes artigos umas quarenta vezes para o desespero de meus editores, sou superexigente comigo e com os outros.
Hoje, percebo que foi esse perfeccionismo que me permitiu sobreviver à chatice da vida, que me fez gostar das coisas chatas que tenho de fazer.
Se você não gosta de seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor em sua área, destaque-se pela precisão. Você será aplaudido, valorizado, procurado, e outras portas se abrirão. Começará a ser até criativo, inventando coisa nova, e isso é um raro prazer.
Faça seu trabalho mal feito e você odiará o que faz, odiando a sua empresa, seu patrão, seus colegas, seu país e a si mesmo.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Poesia, segundo Jorge Luis Borges


"Creio que a poesia é algo tão íntimo, algo tão essencial, que não pode ser definido sem se diluir. Seria como tentar definir a cor amarela, o amor, a queda das folhas no outono...Eu não sei como podemos definir as coisas essenciais. Penso que a única definição possível seria a de Platão, precisamente porque não é de...finição, senão porque é um fato poético. Quando ele fala da poesia, diz: Essa coisa leve, alada e sagrada. Isso, eu acredito, pode definir, de certa forma, a poesia, já que não a define de um modo rígido, senão que oferece à imaginação essa imagem de um anjo ou de um pássaro".

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Concerto de Poesia Portuguesa


Concerto de Poesia Portuguesa" Imperdível dia 11/04 às 18h

Com a especialista em Camões e Fernando Pessoa, professora Cleonice Berardinelli.
Local: Auditório Machado de Assis - Rua México, s/No. - Rio