(docemente pornográficos)"
Carlos Drummond de Andrade
Imaginando a polêmica que causaria levando ao público poemas sobre o amor erótico, Drummond decidiu que a obra "O amor natural" seria publicada somente após sua morte.
A verdade é que nesta obra o grande poeta produz textos de profundo lirismo e de linguagem desnuda. O público, após lê-lo, reafirmará sua admiração por Drummond, que produziu literatura que inquieta o leitor, fazendo-o rever conceitos e preconceitos, desvendando o lado místico do amor.
A língua lambe
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O amor natural. Rio de Janeiro: Editora Record, 1992
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