quarta-feira, 1 de junho de 2011
João do Rio e a poesia de "A alma encantadora das ruas"
"A alma encantadora das ruas"
Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
Este pequeno trecho permite degustar um pouco da riqueza narrativa do jornalista e cronista Paulo Barreto, mais conhecido como João do Rio - pseudônimo que nasceu em 1903.
Em crônica de 21/8/2006, Desconstruindo o Rio, Joaquim Ferreira dos Santos destaca sua importância:
(...) João do Rio circulava pelas esquinas, batia perna como quem não quer nada e como devia ser direito de todos. Depois, quando ainda mal existia o jornalismo, (...) eis que João deixava a calçada e subia para a redação. Misturava aquilo tudo que tinha visto numa coisa meio crônica, meio reportagem, combinava ficção com entrevista e instaurava a imprensa moderna nesse fim de mundo".
Vale a pena conhecer a obra de um dos mais talentosos intelectuais do Rio de Janeiro do início do Século XX.
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Um comentário:
Estou apaixonada por João, suas palavras transcreve o que sinto cada vez que ando nas ruas.
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